FULLTONE OCD

13 de out. de 2008 |

OCD

Finalizando a saga de testes que fiz em alguns pedais da linha atual da Fulltone, farei uma análise daquele que provavelmente tenha gerado maior interesse nos últimos tempos, qual seja, o OCD (Obsessive Compulsive Drive)...

... o OCD, diferentemente dos Fulltone´s analisados anteriormente, o Full-drive 2 MOSFET e o GT-500, é um pedal mais simples, mais direto e mais compacto, mas nem por isso menos competente como os demais pedais da excepcional linha da Fulltone...

... como a grande maioria dos overdrives do mercado, o OCD se sustenta na tríade de controles VOLUME-TONE-DRIVE, além de uma chave extra, que fica acima do led, e que oferece duas opções diferentes de som de drive...

... o VOLUME, evidentemente, é um controle auto-descritivo que dispensa maiores explicações... entretanto, o controle de VOLUME do OCD é diferenciado, pois fornece uma saída muito superior às dos demais pedais de overdrive, atingindo no seu ápice incríveis 30db de ganho... só para que se tenha idéia do que isso significa, o Microamp, da MXR, um pedal feito exclusivamente para o aumento do ganho ou volume do sinal, fornece, aproximadamente, os mesmos 30db de ganho... na prática, isso significa versatilidade, especialmente no uso do pedal como booster de outros pedais, mas, especialmente, como booster de pré´s e amplificadores valvulados...

... o controle de TONE do OCD atua especificamente nas freqüências altas do sinal, portanto, quanto mais à esquerda, mais fechado ficará o timbre, da mesma forma que quanto mais à direita, mais aberto e brilhoso ficará o som... obviedades à parte, uma coisa que salta aos olhos é quão abrangente é o controle de TONE... de uma forma geral, penso que ele é mais abrangente que útil, já que tanto pode deixar o timbre completamente opaco de tão fechado, quanto estridente de tão brilhoso, o que, na maioria das vezes, não causa grande interesse à um bom timbre... entretanto, considerando que esse pedal pode ser usado eficientemente como booster, caso em que o controle de TONE pode ser usado de forma menos ortodoxa para que se atinja resultados diferentes de quando o pedal é usado como drive, creio que a amplitude desse controle se justifique amplamente, ainda que, no tocante às característica do timbre, dissertarei mais um pouco a seguir...

... o controle de DRIVE regula o nível desejado de distorção, obviamente... entretanto, o que salta aos ouvidos aqui é justamente uma das principais características desse pedal, e que escreverei um pouco mais a seguir, que é a dinâmica... por conta dessa característica, da resposta à dinâmica, inclusive em relação à diferentes equipamentos, como tipos de guitarras e tipos de captadores, é que já lí e tive conversas tão interessantes quanto desencontradas sobre a amplitude do controle de DRIVE... evidentemente, para os fins desta análise, vou me limitar às minhas observações nos testes que pude fazer... agora, pelo menos o que foi senso comum nas conversas que tive e nas leituras que fiz é que o controle zerado não limpa completamente o timbre, dando uma leve crunchada, como grande partes dos drives do mercado... o que o difere nessa situação em relação aos outros pedais é que o OCD mantém o timbre firme, e não murcho, como na maioria dos casos... relativo ao que se pode fazer na outra ponta do controle de DRIVE, ou seja, com ele no máximo, o que posso dizer é que eu consegui até flertar com algumas sonoridades pesadas, de metal mesmo, como mostrarei nos vídeos que seguem ao final deste review... contudo, eu fui um dos poucos que descreveu essa experiência, de flertar com timbres de metal... na maioria dos meus apanhados apurei que o pessoal relata conseguir, no máximo, timbres de hard rock...

... por fim, para complementar as opções de timbragens do OCD, há a chave HP/LP... quando a chave está setada em HP (High Peak), o timbre tem um acréscimo de graves bem baixos, que encorpam bastante o timbre, além do aumento do drive, do volume e de médio-agudos (mais precisamente na faixa de 3.5Khz), “para sons mais British, ala Vox e Marshall”, segundo o manual do produto...

... quando a chave está setada em LP (Low Peak), o timbre soa mais flat que em HP, mas, aos meus ouvidos, não tão “neutro” quanto apregoa o manual, que chega a afirmar que essa opção “tem incrível precisão de reprodução do som original de sua guitarra e amplificador... ou seja muito pouca coloração ou alteração”... reitero, não acho que LP soe tão transparente assim, mas decididamente bem mais flat que HP... com a chave em LP, o timbre do OCD apresenta, genericamente falando, algumas das nuances mais comuns da maioria dos drives, motivo pelo qual, na minha opinião, é a mais indicada para o uso do pedal como booster, ainda que isso não impeça, evidentemente, que se use também a opção HP... obviamente, isso vai da preferência do freguês, e este freguês que vos escreve prefere o modo LP para usar o pedal como booster, apenas isso...

... explicados os usos comuns dos controles do OCD, vamos, enfim, ao que interessa, ao som do OCD...

... que não é assunto simples... explico: em diversas discussões que li nos últimos tempos, em especial, no último ano, ví muitas pessoas comparando o OCD à esse ou aquele amplificador da Marshall (o mais citado é o JTM45)... decididamente o OCD tende a soar mais “british”, e portanto mais Marshall que os outros pedais da linha da Fulltone... o problema, ao fazer afirmações genéricas como essa, é incorrer em algumas imprecisões, especialmente quando estamos falando de um pedal que já está na sua 4ª versão... isso mesmo, o OCD tem 4 versões, cada uma com modificações relevantes, na minha opinião, mas ao mesmo tempo tênues no que se refere ao “timbre base/essencial” do pedal... assim, acho importante que se tenha calma ao analisar o OCD, pois o que se diz da V.2 pode ser diferente na V.4...

... quem quiser maiores informações sobre as modificações havidas no OCD desde a sua primeira versão, acesse os links abaixo:

- http://www.pedalarea.com/ocd.htm

- http://www.fulltone.com/PDfFiles/OCD%20complete%20Mods_small.pdf

... quando fiz os testes que, em grande parte, sustentam este review, o fiz num OCD V.2... inclusive os vídeos que gravei foram feitos com um V.2... entretanto, depois disso, tive a oportunidade de tocar num V.3 e, especialmente, num V.4, motivo pelo qual, sempre que puder, tentarei fazer menções dessas versões no curso da análise...

... o OCD, aos meus ouvidos, é daqueles drives que o cara toca e conclui: “é um drive mais moderno”... e acho isso mesmo, acho que o OCD se enquadra na categoria daqueles drives que soam menos vintages, ou, pelo menos, menos assemelhados ao padrão dos Tube Screamer´s, sempre a grande referência em termos de overdrive´s...

... particularmente, como pedal de drive, é o tipo de som que mais aprecio, especialmente com humbucker´s... com single´s, gosto mais de sonoridades mais transparentes e brilhantes, como a do Fulldrive2 MOSFET, mas com humbucker´s, que é basicamente o que uso, o OCD me dá todo o drive que eu preciso, encorpado, firme, com excepcional dinâmica, lembrando o padrão “british” de drive...

... como mencionei antes, por conta da resposta absolutamente incrível da dinâmica deste pedal, existem os mais variados relatos sobre a abrangência do ganho do OCD, tanto que, para entrar nessa lista de desencontros, digo que eu toquei metal com ele, e com certa competência, relato que, até hoje, só eu dei, enquanto que a maioria relata que toca, no máximo, “um hard rock e olha lá”...

... pra conseguir esse “timbre de metal”, evidentemente, tive de contar com a generosidade dos meus EMG´s (especificamente o EMG-81)... claro que muitos dirão: “sim, mas com EMG´s tudo soa pesado”... e eu lhes direi: “não é bem assim”...

... o que acontece é que estamos falando de um pedal realmente muito dinâmico, onde a resposta de equipamento para equipamento é totalmente distinta e absolutamente “real”... e quando escrevo “real”, me refiro à forma como o OCD preserva certas características do instrumento que se está usando, seja um captador de saída mais baixa ou mais alta, um instrumento com mais presença de agudos que outro e etc... ele não “padroniza” o timbre, como o faz a grande maioria dos pedais, mas sim projeta o som/timbre que cada instrumento tende e deve soar...

... agora, embora eu, e apenas eu, até o momento, tenha conseguido tocar metal com o OCD, decididamente essa não é a melhor aplicação pra ele... o controle de ganho tem uma particularidade muito parecida com a de alguns amp´s: a partir de determinado ponto, além de aumentar a saturação, o ganho encorpa também o timbre, dando mais ênfase às freqüências mais baixas (graves e médios-graves)... por conta disso, em regulagens com o ganho acima das 12hs/1h, a possibilidade de embolar o som é muito grande, motivo pelo qual recomendo cuidados se for usar o pedal de forma mais agressiva...

... por outro lado, com o controle de ganho entre o mínimo e 12hs/1h é que, na minha opinião, encontramos o que ele tem de melhor, com sonoridades muito ricas em harmônicos, cor e personalidade, que, pra mim, é uma daquelas características raras nos pedais, mas tremendamente relevante, que normalmente diferencia um dos demais...

... também é nessa faixa de ganho (mínimo à 12hs/1h) que percebe-se também a dinâmica vinda da mão e do volume da guitarra, e não somente das diferentes opções de equipamentos... especialmente no que diz respeito à pegada, a dinâmica do OCD é quase inigualável, respondendo quase como se fosse um valvulado...

... agora, embora eu tenha classificado o OCD como um “drive moderno”, isso não significa que não se possa tocar coisas antigas... longe disso... o “drive moderno” serve para classificar àqueles pedais que fogem de um padrão comum de pedais de drive que já dura mais de 20 anos... portanto, em nada isso os impede de flertar com Deep Purple, Stones e afins, tanto quanto é possível flertar com coisas mais recentes, como Foo Fighters e The Darkness... e esse é o caso do OCD, especialmente com as possibilidades da chave que alterna entre LP e HP...

... a opção LP, como já referi antes, é um pouco mais flat que HP, e, portanto, se assim pode-se dizer, se comporta de forma mais semelhante a de um “drive convencional”...

... já que, em HP, é muito perceptível o acréscimo de corpo e graves no timbre... em HP o timbre ganha bastante em corpo e ganho, sendo, na minha opinião, em relação ao que chamo de “drive convencional”, um “drive bombado”... mais do que nunca, é em HP que tem de se ter cuidados ao usar muito ganho (mais que 12hs/1h do controle), pois como nele há um acréscimo considerável de graves, a tendência de embolar o som é ainda maior...

... agora, o mais interessante nisso tudo, e que, confesso, acaba deixando o meu review quase como um “tratado daquilo que não é mais” é o fato de que na V.4 do OCD a presença de graves está muito mais equilibrada, na mesma proporção que o controle de ganho quando encorpa, encorpa de maneira muito mais “musical”, digamos assim, que na V.2, ou seja, a V.4 resolve, pelos menos preliminarmente, grande parte daquilo que eu pensaria em modificar V.2, motivo pelo qual, e não tenho medo algum de afirmar isso, que a V.4 é a melhor versão entre os OCD´s que testei (nunca testei a V.1)...

... a V.4 é mais transparente, e nesse sentido melhora, e muito, suas qualidades quando usado com single-coil´s... com humbucker´s, mesmo com regulagens mais fortes de ganho, tende a embolar muito menos, muito menos mesmo... enfim, pelo menos pra mim, ainda que a V.2 já fosse ótima, pois gostava muito das regulagens do pedal com ganho baixo à moderado, é na V.4 que considero que a Fulltone o tornou um pedal realmente muito completo...

... é bem verdade que não sei até onde podem ir as atualizações do OCD, nem se essa é a última, ou apenas mais uma, mas, na minha opinião, já com a V.4 a Fulltone poderia se dar por satisfeita... hehehe

... como todos perceberam, ao final do review eu mesmo me descredito alguns pontos, na medida que identifico que é complicado analisar uma versão antiga de determinado pedal, mesmo que, relativo ao “timbre base”, todos tendam a soar muito parecidos... por causa disso, além dos vídeos que já tinha gravado com a V.2 do OCD, procurei por vídeos em que houvesse algum tipo de comparação entre as versões, especialmente com a V.4...

... os 3 primeiros vídeos foram gravados por mim... em relação ao primeiro gostaria de fazer um breve adendo: no geral, o som dele ficou muito ruim, e, em grande parte, porque a câmera ficou próxima demais do amplificador, recebendo “muito na cara” as freqüências baixas vindas do OCD... apesar disso, estou publicando esse vídeo porque acho que existem algumas sonoridades interessantes ali, que mostram algumas virtudes do pedal...

... os dois últimos vídeos eu retirei do Youtube do usuário germanndude (http://br.youtube.com/user/gearmanndude)... no primeiro vídeo, ele faz uma interessante (ainda mais para este review) comparação entre a V.2 e V.4 do OCD... no segundo vídeo, postado recentemente, ele faz mais uma comparação, mas desta vez com a V.2, V.3 e V.4... prestem bem a atenção nesses vídeos, especialmente nos seguintes pontos: 1) relativo à dinâmica, como o cara tira timbres completamente diferentes dos que eu tirei nos meus vídeos; 2) como o “timbre base/essencial” dos pedais, apesar de tudo, é o mesmo; e 3) as diferenças que são apontadas nos documentos oficiais da Fulltone (que estão nos link´s postados acima), como mais médios numa versão, menos graves na outra, e etc... essas diferenças não são gritantes, mas ainda assim perceptíveis...

... como de praxe, agradeço, mais uma vez, a visita de todos, sempre reiterando o contive para acessarem a comunidade da Toca dos Efeitos no orkut, pelo endereço http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=50019202, e para fazerem parte do mailist da Toca, enviando, para tanto, uma solicitação através do email tocadosefeitos@yahoo.com.br...

... como não poderia ser diferente, quero agradecer ao Zé, proprietário da Vibe Guitars, por toda a atenção e espaço dispensados para os testes, vídeos e etc... Zé, como sempre, muito obrigado pela força...

... aos amigos, um até breve e bons sons... \m/

 

 

 

 

 

5 comentários

Anônimo

Belo review...

Aliás, mais um belo review...

O OCD é um belo pedal, gostei da sonoridade ao vivo...

Bodão

Gladys de Paula Craveiro

Boa. Com o plus do "pé na lata" que o gato tomou no terceiro vídeo ehehe. Keep on moving.
[ ]s
Lelo

Ewerton Reis

excelente review, show de bola, parabéns!

Anônimo

Muito bom review, rapáa!

OCD realmente é muitoo bom mesmoo!
Satirizando o Ewerton, Show de Corda isso sim!! ^^

Um grande abraço!

Unknown

Excelente review.

Tenho o OCD V4 há 2 anos e realmente é top. Vim pesquisar o uso dele como booster em valvulados, para reiterar minha visão. Confirmo tudo. Uma vez, na falta do meu pedal de distortion (Crunch Box MIAudio), fiz um show tocando Metallica e Megadeth usando o OCD V4 com o drive de 1-2h, em HP. Me surpreendeu. Depois dessa experiência tenho dividido ele com a Crunch Box, dependendo da possibilidade e timbre que quero.

Abraço!

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