Você precisa conhecer a ED´S MOD SHOP

12 de mar. de 2013 |

Amigos, é com imenso prazer que a Toca dos Efeitos traz hoje uma entrevista com o Ed, "o" cara por trás da Ed´s MoD ShoP, excelente e diferenciada marca de pedais brazuca, que já teve um pedal analisado aqui na Toca... quem ainda não viu, veja em http://www.tocadosefeitos.com.br/2013/02/eds-mod-shop-heartbreaker-od.html ...

... essa entrevista foi capitaneada pelo Vino Ferrari, portanto, todo o crédito vai pra ele...  ;]

... e sem mais delongas, vamos à entrevista...


#1 - Buenas, Ed? Primeiramente, é um prazer fazer essa entrevista contigo. E começando o nosso papo, gostaria que tu te apresentasses para os leitores da Toca dos Efeitos, contando um pouco da tua história com a música e o primeiro contato com a guitarra e os pedais de efeitos. 

Valeu, Vino! É um grande prazer participar desta entrevista com vocês, obrigado pelo espaço! Sou o Eduardo Bonatto, Paulistano, Casado e recentemente pai de um filho lindo (estou achando que ele é canhoto, vai pegar as stratos do pai que nem o Hendrix \o/), formado em Administraçao de Empresas (é...). Comecei a tocar violão com 13 anos de idade (ja faz mais tempo do que eu gosto de admitir) e logo depois já passei para a guitarra que era a minha opção inicial. O violão requeria um investimento menor para começar, dessa forma assim que eu resolvi que iria seguir com a música estava pronto para fazer um investimento mais “sério”: uma guitarra Gianinni e um amplificador Staner Kute 55. Depois veio uma guitarra um pouco melhor, uma Ibanez Roadstar (parecida com a do Satriani) ...nascido em 80 não consegui escapar da febre do Floyd Rose que imperava na época. Fui comprando pedais aos poucos, Boss, MXR e ProCo (RAT) que era o que havia no Brasil naqueles dias. A brincadeira de tocar e colecionar ao mesmo tempo me agradou muito, mas em um surto troquei todos os pedais por pedaleira digital... e rapidamente voltei aos pedais. Desde que comecei a tocar tenho estado envolvido em bandas de louvor na igreja e com algumas bandas “de barzinho”. Isso sempre me proporcionou uma abordagem de músico em situações e volumes de palco, mix de banda e também em gravações. E o ambiente de estúdio: o que serve para testar os pedais no “valendo” e aprimora-los neste sentido. Muita coisa soa linda no quarto ou mesmo na gravação, mas não funciona ao vivo, com uma banda com outra guitarra ou teclado junto. 

#2- E a confecção de pedais de efeitos? Como isso apareceu no teu caminho? Conta como foi a caminhada até chegar na Ed’s MoD ShoP. 

Aconteceu meio que por acaso: Fui ficando mais e mais interessado por pedais em meados dos anos 90/2000 quando o fenômeno dos Boutique Pedals começava a aflorar. Eu ficava babando naquelas latinha coloridas e diferentes. Naquele tempo não havia a menor possibilidade de testar muito daquilo a não ser que você de fato importasse, o que tornava tudo caro e difícil. Ao mesmo tempo eu achei na B&H escola de Luthieria um curso básico de eletrônica aplicada a pedais que eu cursei junto com o curso de Luthieria básico e intermediário (contruí minha tele “72 Custom” neste curso). Até aí eu estava casualmente fazendo os cursos para me distrair um pouco do trabalho em escritório, mas o bicho pegou quando eu consegui fazer o meu primeiro pedal de Fuzz, um Ampeg Scrambler. Esse Fuzz ficou tão bacana que naquele momento mágico caiu a ficha: “eu podia fazer isso pra sempre”. A idéia foi amadurecendo até o ponto de eu largar de vez o trabalho em escritório e me dedicar totalmente ao empreendimento de pedais, e nasceu a minha primeira marca de pedais que vocês já devem ter escutado falar, a Deep Trip (que continua na ativa). Mas eu sentia falta de mais criação, coisas diferentes, trabalhos customizados de verdade. Daí nasceu o conceito da Ed’s MoD ShoP: noise meets art. Dentro da grande variedade de pedais de “Boutique” hoje em dia o que nós vemos cada vez mais são “pequenas fábricas” disfarçadas de Boutiques... linhas de produção, trabalho tercerizado, SMD... e a minha idéia vai exatamente contra isso tudo, quase como de volta as origens: Trabalho sozinho, faço tudo manualmente desde a montagem até a pintura e acabamento, produzo quantidades reduzidas com grande variedade de modelos e opções, ao contrario da idéia de massificação. Tenho a minha linha de pedais fixos, que estão disponíveis e são resultado de muito tempo de pesquisa e desenvolvimento, criando novas funções e atualizações modernas pertinentes a circuitos dos anos 60 e 70, mas ao mesmo tempo grande parte da operação é criar pedais únicos e diferenciados, os Custom Jobs. No futuro eu espero conseguir levar esse conceito mais um passo a frente e viabilizar a produção (e ter um estoque) de pedais totalmente únicos, quase como um quadro ou uma peça de arte: você entra numa galeria olha tudo e escolhe aquela uma (ou mais) peça(s) que você gostou mais e sabe que aquilo é exclusivo ou muito limitado. Estou começando essa idéia com os Fuzzes pelo grande número de opções e variações que existem e obviamente por que é o que eu mais gosto! 

# 3 - Impossível não prestar atenção na arte - linda - dos teus pedais. Como se deu o processo de desenvolvimento dessa arte, que já é a marca registrada da empresa? 

Valeu! A pintura é uma das partes mais divertidas do trabalho, e também é bem trabalhosa. Um gabinete demora pelo menos duas semanas para ficar pronto entre demãos de verniz, secagem, lixa e polimento. O conceito visual é totalmente influenciado pela arte dos anos 60-70 como o Tie Dye e aqueles pôsteres de shows que são absolutamente fantásticos. A arte da forma como é feita ainda permite que cada pedal seja diferente do outro, entrando um pouquinho na história de peças únicas. Mesmo em um item de série eu posso misturar as mesmas cores no efeito de burst e o resultado sempre vai ser um pouco diferente de peça para peça. É realmente interessante o conceito de trabalhar em cima dos “efeitos colaterais” dos materiais. Eu pinto exatamente como “não deve ser feito”, explorando as reações químicas que ocorrem quando você mistura tintas com base diferente ou joga solvente em cima da pintura (nas pinturas psicodélicas, as pinturas lisas ou Hammerite são bastante kosher). Da mesma forma eu vejo o Fuzz, ja fazendo uma analogia: você pega um transístor ou CI e satura ou muda as configurações de polarização fazendo com que a peça trabalhe bem fora dos parâmetros para o qual foi concebida, e isso introduz a não linearidade, as coisas se comportam como não deveria ser, fenômenos inesperados acontecem, e esta é a beleza de um bom fuzz: criar algo belo a partir do caos, de comportamentos erráticos de peças que estão trabalhando fora de sua configuração “ideal”. Este conceito é mais amplo do que peças, pinturas e fuzzes, mas foge do tema, fica apenas uma pequena chamada aqui. 

# 4 - Tu és bem conhecido pelas famosas “mod’s” e pelos excelentes clones, customizados, inclusive, que fazes. Tenho quase certeza que esse não é o teu foco, visto o teu gosto pela criação. A tua ideia é, a partir de determinado ponto, focar apenas numa linha própria? Pela tua definição, como a Ed’s Mod Shop se enquadra no mercado de pedais de efeito? Que tipo de cliente deve procura o teu trabalho? 

A minha idéia para Ed’s MoD ShoP é, em primeiro lugar, estabelecer o conceito de excelência e depois o de originalidade. Acredito que uma vez que as pessoas conheçam melhor a marca e saibam que as coisas que eu produzo possuem atributos de qualidade (desde as peças importadas que são exatamente o que se usa de melhor lá fora até um registro sonoro coeso e condizente com a proposta da marca) fica mais fácil para que elas se aventurem com as coisas novas e originais que eu ofereço. O tipo de cliente que procura o meu trabalho é, em primeiro lugar, alguém que se interessa por pedais artesanais de qualidade e que tem afinidade com os sons “vintage”, que é a identidade sonora da marca. Alguém que não quer mais do mesmo, que gosta de estética e da idéia de ter um pedal único, de poder ter a opção de customizar o pedal para o seu gosto e necessidade e que aprecia poder ser atendido amigavelmente pela pessoa responsável pelo desenvolvimento e execução dos trabalhos. Ao mesmo tempo os pedais são bastante pragmáticos, o tamanho é reduzido ao mínimo possível, o layout é claro e acessível e os plugues se localizam nas laterais. Existe a preocupação com o músico que utiliza uma pedalboard, de modo a economizar espaço e deixar o layout semelhante ao que a maioria da industria utiliza facilitando o cabeamento. 

A idéia de mods me pareceu muito atrativa no começo da minha trajetória com a Ed’s MoD ShoP, tanto que eu cheguei a desenvolver mods minhas mesmo para alguns pedais (que eu ainda executo para clientes meus, mas não divulgo mais no site por exemplo), mas com o aumento dos pedidos da minha linha eu gradativamente deixei as mods em segundo plano. Como eu trabalho sozinho, basicamente o meu gargalo de produção é o tempo que eu tenho disponível, e com o tempo de fazer uma mod eu monto um pedal meu (tirando a parte do tempo de produção do gabinete), então fazendo as contas é financeiramente melhor gastar o meu tempo na linha própria, e do ponto de vista de marca acredito ser melhor também. A única excessão são os wah wahs, que eu continuo fazendo direto com muito gosto (justamente pela falta de carcaças no mercado a gente precisa de um vox/crybaby original pra usar de doador) por que é absurda a diferença que as modificações e o uso de um indutor de primeira linha (tenho importado os Whipples que eu considero como um dos melhores atualmente, handmade in USA) podem fazer no wah wah. Mas ainda esse ano vão começar a sair os meus wah wahs, feitos do zero com gabinetes de aluminio novos importados. Estou atualmente testando alguns acabamentos. 

Clones: já fiz alguns, por algum tempo tinha um na minha linha (me arrependo de ter procedido assim na verdade). Se um cliente me pede um clone eu sempre tento convence-lo a fazer uma versão, algo inspirado em, mas com uma boa interação minha. Também não monto qualquer pedal: deve ser algo de meu interesse, algo que eu nunca tenha montado, assim entra na parte da pesquisa. 

Por outro lado: se o John Doe faz o pedal XYZ nos EUA e esse pedal chega aqui no Brasil por 600, e eu aqui no Brasil monto a minha empresa para produzir esse pedal que o John gastou o tempo dele para criar e divulgar (inclusive alegando que é o mesmo pedal, com nomes parecidos, videos comparativos e etc) e vendo esse pedal por 400, será que eu não estou de certa forma roubando a venda do John, e pior, usando da própria fama dele para vender o meu? Outra coisa: qual é o perfil do profissional que você quer “contratar”, o que faz carreira copiando os outros ou o que tenta trilhar um caminho próprio? Mas enfim, acho essa uma luta perdida, o mercado Brasileiro já assimilou muito bem os clones e eu estou dando murro em ponta de faca. Mas seria realmente saudável e bacana se o pessoal gastasse mais tempo estudando, criando e de fato entendendo o que está fazendo do que ficar baixando os esquemas de pedais gringos e placas prontas oferecidos no freestompboxes.org. É ruim para o setor brasileiro como um todo, ficamos com fama de genéricos... 

# 5 - Já tens o reconhecimento como um dos grandes conhecedores e montadores de fuzzes do mercado. Conte um pouco dessa tua paixão por esse tipo específico de pedal e como foi o processo de aprendizado, pesquisa e testes sobre fuzzes. 

Fuzz é uma doença auto-imune, um estado de espírito, um jeito de tocar! Quem tem nunca se cura! Alguns aparentemente são imunes a isso e nunca vão ter. Pra mim a coisa pegou no primeiro fuzz que eu fiz. Eu já havia tocados com fuzzes antes disso, simplesmente não tinha gostado ou não tinha entendido, enfim, existe o momento certo para essas coisas acontecerem. Não é o tipo de coisa que você escolhe, embora com o advento do rock “retrô” os Fuzz têm andado na moda e muitas pessoas de fora ficam curiosas e se esforçam pra testar e tentar gostar. 

O processo de aprendizado foi basicamente um trabalho de arqueologia. Saí pesquisando em tudo quanto é fórum e site todos os fuzzes famosos e obscuros dos anos 60-70 (que eu classifico como primeira geração) e, obviamente, colocando a mão na massa. Fiz tudo o que eu consegui fazer, resultando em inúmeras placas e protótipos. Com isso eu consegui traçar um paralelo do que eu via nos esquemas e o que acontecia no som e entender o por que de algumas coisas (outras continuam sem resposta). A pesquisa continua sempre, monto os fuzzes atuais (que eu chamo de segunda geração) sempre que eu consigo o esquema de um pedal que me chama a atenção.  Com isso acompanho como a coisa está evoluindo lá fora, como pedalmakers atuais estão abordando o tema. O teste final é sempre o som, utilizar os seus ouvidos (e osciloscópio!!!) independente de esquemas, tipo de transistor ou componente. É primordial, e ao longo de anos você consegue desenvolver, uma audição mais crítica e sensível (não digo que eu escuto melhor que ninguém, mas a gente aprende a prestar atenção em alguns detalhes, fica mais fácil achar algo se você sabe onde procurar). 

# 6 - Que pedais compõem a linha da Ed’s MoD ShoP e como se deu o processo de desenvolvimento desses pedais? 

HeartBreaker OD, HeartBlower Bass OD, Ed’s Fuzz, Pookie Fuzz, FuzzStack, Cyclops Optcomp, Triton Envelope Filter, East Q, Moby Dick Bass Fuzz, Super Screamer, Spring Box, alguns não estão ainda no site mas eu já vendo direto. 

O Desenvolvimento nasce da pesquisa: ninguém inventa a roda toda vez que cria um pedal! A essência de um pedal já está em algum outro lugar normalmente, seja uma célula de ganho, um tonal diferente, um outro pedal, em um esquema antigo de mesa de som ou amplificador de microfone. A brincadeira é pegar esta essência e criar em cima disso mudando o registro sonoro, adicionando funcionalidades, tirando outras partes, simplificando ou sofisticando. Eu parto da idéia do som e da função: quero um pedal que soe como o artista X em musica Y. Quero também que este pedal tenha parâmetros A, B e C que garantam uma certa versatilidade e variação dentro deste tema. A partir disso, e com a minha base de dados (os protótipos e placas de coisas que eu ja fiz), eu sei que eu tenho alguns candidatos que podem servir de base para que eu crie em cima. E aí vão dias e semanas na bancada, testando, ouvindo, comparando. Quando eu tenho algo que eu gosto eu passo para uma segunda etapa, crio um protótipo funcional na caixinha, quase como um pedal de série, e levo para testar, uso nos meus ensaios, em situações ao vivo, em volume de quarto e em volume de palco com N amplificadores diferentes. Em paralelo a isso outro pedal protótipo circula com os meus “pilotos de teste”, músicos profissionais que fazem o mesmo trabalho de testar em diversas situações. Podem ocorrer modificações no circuito do pedal nessa última fase de acordo com os testes feitos, e finalmente uma versão final para venda. 

# 7 - A empresa trabalha apenas com encomendas ou existem pedais à pronta entrega? Como se dá a encomenda de um clone e/ou de um pedal custom? 

Eu procuro ter em estoque os meus pedais de linha, mas normalmente não consigo manter um estoque regular. As peças acabam antes de ficar pronto outro lote, então, 80% das vezes é na base de encomenda mesmo (até por que as vezes o cliente quer o modelo que eu tenho em estoque mas quer customizar a cor). Qualquer compra, pedido custom ou informação funciona a partir do contato direto comigo: pedidos@edsmodshop.com ou atraves do inbox do www.facebook.com/edsmodshop

# 8 - Quem te acompanha pelas mídias sociais sabe que tu estás desenvolvendo uma nova linha – podemos chamar assim? - de pedais. Pode nos contar um pouco mais do que vem por ai? Até onde a Ed’s MoD ShoP pretende chegar? 

Volta aquela história de arqueologia do fuzz, pesquisar e fazer os modelos antigos famosos e obscuros. Junto com uma idéia nova de acabamento e uma certa obsessão colecionista, caso grave mesmo... sempre quis ter um de cada (talvez uma de cada variação de cada modelo). Estou começando com o Dallas Range Master, o Fuzz Face Ge, Fuzz Face Si, Tonebender MK1, MK 1,5, MK2 e MK3 mais o Tychobrahe Octavia (com transformador) e o Ampeg Scrambler. Em um segundo momento entram todos os Big Muffs, Tonemachine, Fuzzrite, todos os Maestro, SuperFuzz, Shin Ei, Bee Baa e Fender Blender. 

A idéia é a de criar réplicas atualizadas desses fuzzes históricos. Não são réplicas literais ou “xiitas”. Algumas atualizações são sempre necessárias ao meu ver e seria negligência não atende-las, como o uso de fonte (bateria é lixo tóxico), filtro dc, true bypass com led (e resistores de pulldown quando necessários), circuito de proteção contra polaridade invertida, técnicas de redução de ruído, “hum” e oscilações. Substituição de transistores quando os originais se tornam inobtíveis (usando como critério o som), repolarizando quando necessário, e o mais importante ao meu ver, inversão de terra em fuzzes PNP! Contradizendo a história que diz que esses fuzzes não podem usar fonte compartilhada com pedais “normais”, os meus vão poder! 

Todos eles terão o acabamento em Hameritte ou alguma cor lisa para diferenciar da minha linha colorida. Estarão em caixinhas pequenas como o restante da minha linha para economizar espeço no pedalboard (caixinhas grandes poderão ser feitas sob custom order) e terão ilustrações exclusivas. Sempre achei que fuzzes são pequenos monstros, daí parte o novo conceito visual. 

Onde eu quero chegar? Tenho algumas metas conceituais, a maior delas é o intento de colocar aquele sorriso bobo de orelha a orelha no rosto da pessoa na hora que ela liga o meu pedal. 

Vejo uma lacuna ainda não preenchida no mercado de amplificadores que me atrai também... muita gente foca nos Marshall/Vox/Fender ou nos high gain / channel switching modernos e esquece dos “lado B”, pequenos e bizarrinhos... quem sabe um dia... 

# 9 – Sei que participas ativamente de fóruns e grupos de discussão, bem como das mídias sociais, tendo um contato muito forte e direto com a tua clientela. Essa é a fórmula para ter uma empresa finamente alinhada com o público? Como tu vês essas novas formas de comunicação? 

Eu participo de fóruns de guitarra por gosto pessoal mesmo. Faço isso muito antes de ter começado com os pedais. É muito bacana poder ter amigos no país todo e em alguns outros países também. Gente com quem eu me correspondo regularmente e que compartilha da mesma paixão por música, equipamentos e sons. Por outro lado não é preciso ser nenhum gênio para entender que a comunicação está convergindo para a internet e as mídias sociais. Para mim, junta o bom com o agradável. Posso conversar e atender meus clientes de forma rápida e personalizada, colher opiniões e dicas do público, pesquisar e criar, tudo no mesmo lugar virtual! 

# 10 – Recentemente o Brett Kingman fez um elogiadíssimo review de três pedais teus. Poderias nos contar quais pedais foram e como foi o contato e o processo até o vídeo acontecer? E esse review, abriu portas internacionais para a Ed’s MoD ShoP? Obviamente existe essa disposição da tua parte para desbravar novos mercados. Percebes essa mesma recíproca dos gringos quanto aos pedais feitos em terras Brazucas? 

O Brett é amigo de longa data, então foi fácil chegar nele e pedir essa “brodagem”. Sinto que ele gosta muito do que faz, e faz muito bem. Não é a toa que ele é A referência mundial de piloto de testes para pedais! Ele filmou o meu Ed’s Fuzz (bandeira de fuzz da marca, meio que um “Canivete Suísso” de fuzz), o Pookie Fuzz (Fuzz doidão, experimental) e o HearBreaker (meu Overdrive pra que curte Fuzz). Estou ainda em processo de viabilizar as exportações mas o vídeo dele certamente ajuda pois tem o alcance bem maior do que o que eu conseguiria fazer sozinho. Ainda não decidi como eu vou fazer isso. Em ultima análise, é questão de decidir a estratégia da empresa: se eu arrumo um grande distribuidor e foco em menos modelos e maior quantidade, virando eu mesmo uma pequena fábrica (voltando ao começo da entrevista) ou se eu tento o caminho mais difícil, porém mais gratificante para mim, de fazer tudo independente e poder atender diretamente como custom shop clientes do mundo todo. Os gringos não têm preconceito contra o pedal brasileiro, eles compram pedais do mundo todo, não seria diferente se fosse peruano, tcheco ou afegão... já por aqui... O processo de exportação curiosamente abre as portas no Brasil. Santo de casa não faz milagre, mas quando vende lá fora começa a ter maior simpatia dos nossos conterrâneos  Existe muita gente aqui que dá valor, apoia e incentiva o meu trabalho, e sou eternamente grato a essas pessoas que têm mantido o meu negócio funcionando, mas são pessoas antenadas, formadores de opinião, desbravadores e experimentalistas, não são (nem de perto) maioria. Outros necessitam do aval do gringo ou da divulgação mais explícita para tomarem conhecimento ou gosto pela marca, e com muita razão também. Eu não critico, muita coisa ruim já foi feita nesse mercado quando ainda era incipiente, malandragem, cola quente, falta de criatividade (essa está difícil de ir embora)... 

# 11 – Foi um prazer bater esse papo, Ed. Agradeço a atenção e fica o espaço para que tu deixes teu recado, links, formas de contato para o pessoal da Toca dos Efeitos. 

Eu que agradeço a Toca dos Efeitos pelo espaço concedido e pelo excelente trabalho de informação e utilidade pública que vocês têm feito. 

Toquem com pegada, com alegria! Procurem se informar, a verdade está lá fora, meio escondida... não acreditem em propaganda, “endorsismo”, jabá, jogadas de marketing... usem os ouvidos!!! 

Acessem www.edsmodshop.com, o meu site oficial, e por favor curtam a minha pagina no facebook para receber as novidades. A maioria das fotos, custom jobs e atualizações estão lá: https://www.facebook.com/edsmodshop

Qualquer duvida, informação, preços, pedidos: pedidos@edsmodshop.com Grande abraço a todos! Ed

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Ed´s MoD ShoP HEARTBREAKER OD

19 de fev. de 2013 |

Pretensa e lamentavelmente tenho de dizer que com o passar do tempo, adquirindo experiência em certas áreas, é cada vez mais difícil ser surpreendido, principalmente pelo acaso, ainda mais hoje, quando temos acesso à tanta informação com tamanha facilidade... pior ainda para quem não espera a informação chegar e vai atrás dela sistematicamente... para esse é ainda mais difícil que o acaso pregue uma peça... mas quando isso acontece, que espetáculo, não é verdade?...

... ainda pretensamente, me considero um desses do último caso, especialmente com relação à efeitos de guitarra... nada passa incólume por mim... digo, quase nada, graças à Deus, afinal, não fosse essa margem de erro, eu não teria a chance de ser surpreendido pelo acaso, como fui com o pedal do review de hoje...

... cabe uma história rápida antes de irmos direto à cereja do bolo? Claro que cabe sim... confio na paciência dos amigos... hehehe

... eu conheço o Vino Ferrari, dono da ‘baia” onde rola o NA CASA DO VINO (sim, temos de fazer uma nova edição, eu sei), há algum tempo... desde que começamos a trocar ideias nos idos dos áureos tempos do orkut, até os dias de hoje, quando fazemos isso em mesas de bar, uma coisa sempre ficou clara: eu era o cara que procurava timbres mais modernos, especialmente pesados, enquanto o Vino era o cara que curtia timbres o mais vintage possível; eu era o cara da distorção e dos simuladores de amps, enquanto ele era o cara dos drives e dos fuzzes, razão pela qual nossos papos sempre foram muito ricos, especialmente pra mim, que em determinado momento comecei a querer sacar mais daquilo que ele já sacava, justamente porque tinha mudado a perspectiva do meu som...

... dessa forma, ele sempre esteve mais atento à certas marcas, e, objetivando essa história, conhecia há algum tempo o trabalho do Ed Bonatto, “o” cara por trás da Ed´s MoD ShoP, de quem ele sempre fez as melhores referências... em determinado período eu estava buscando sonoridades clássicas de Marshall, ainda nem tanto de fuzz, e por isso não cheguei a ir atrás de mais informações sobre o trabalho do Ed, inclusive porque não tinha como testar alguns dos pedais dele...

... e assim a coisa foi até o final de dezembro passado, mesmo que nessa época eu já estivesse bastante interessado em fuzzes, e estivesse vendo isso com o Big, da Big Effects... aliás, até por essa razão não cheguei a testar os pedais do Ed, e essa foi, portanto, a brecha que dei para que o acaso, felizmente, me pregasse uma peça...

... e qual foi a peça? No final de dezembro o Vino me contata, dizendo que iria passar uns dias na praia, e me pergunta se eu não queria pegar o HeartBreaker para dar uma testada, já que eu também estava de férias nesse período, ou seja, teria tempo para testá-lo, coisa que não estava conseguindo fazer direito nem mesmo com os meus pedais... peguei o pedal, levei pra casa e, alguns dias depois, solito como nunca, botei as válvulas “no talo” e comecei a mexer na bagaça... e que bagaça, que grande surpresa e que feliz obra do acaso...


Enfim, a cereja do bolo...

A primeira impressão do pedal é muito boa... o Ed tem um trabalho visual muito interessante, muito bacana e de ótimo acabamento... aliás, se pegarmos toda a linha da Ed´s MoD ShoP, será possível verificar que o HeartBreaker OD segue um padrão visual que identifica a empresa... de uma forma geral, os pedais são muito bonitos, diga-se de passagem...

... a pintura é muito bem feita, os knobs seguem o padrão normalmente identificado como “Fulltone” e o tamanho da caixa tem a métrica similar a de um MXR tradicional, como o Microamp ou o Distortion+... internamente percebe-se um ótimo padrão de montagem, com componentes de ótima qualidade... portanto, é um pedal muito bem feito...

... o uso do pedal foge um pouco do usual, pois, além dos controles de VOLUME e GAIN, o HeartBreaker OD possui controles de TREBLE e BASS, e não o tradicional TONE... o HBOD (vou chamá-lo assim, a partir de agora) tem um nível de VOLUME muito bom, permitindo também o uso dele como booster, e com quantidade bastante razoável de variações de freqüências... o GAIN é muito versátil, limpando totalmente quando no zero (nas minhas guitarras, inclusive com captadores de saída alta, ele teve esse desempenho), e tendo uma saída muito proeminente, digno dos fuzzes dos anos 70, com o ganho no talo... acerca dos controles de tonalidade não vou me deter muito, justamente porque pedi para o Vino escrever sobre o pedal e ele realmente “me liquidou”, como se diz aqui no Sul: explicou isso de forma tão clara e didática que não será preciso eu nem me arriscar, pois certamente não farei melhor... ;]

... logo que liguei o HBOD, a primeira coisa que me veio à cabeça foi que tratava-se de um fuzz bem sutil... até por isso, certa feita, quando postei no grupo da Toca dos Efeitos, no Facebook, sobre minha excelente experiência usando o pedal, houve uma pequena discussão acerca da “natureza” dele, se era um overdrive ou um fuzz... aos meus ouvidos soava como um fuzz sutil... para outros soava como um drive... ao final, o Zé, da Vibe Guitars, nossa sempre grande apoiadora, definiu com propriedade e da forma como parece-me melhor entender o som o HBOD: “é um drive levemente fuzzeado”...

... a saturação dele, mesmo low gain, sempre tem um tempero de fuzz, mesmo que muito sutil... isso muda totalmente usando o ganho “no talo”, pois aí ele vira um fuzz sem sutilezas, ainda que não tenha nada a ver com um Fuzz Face ou mesmo com um Big Muff...

... para quem gosta de referências para entender o som do pedal, eu diria que ele fica entre o Eric Clapton dos anos 60/70 e boa parte da obra do Led Zeppelin... a vibe desse pedal é mais ou menos essa, embora ele ofereça muitas outras possibilidades, que dependerá basicamente do gosto do freguês...

... confesso que não cheguei a testar o pedal como booster por puro esquecimento... gostei tanto dele como drive/fuzz que só fui lembrar de testá-lo dessa forma quando tive de devolver o pedal pro Vino... felizmente, em contrapartida, o Vino não teve o mesmo lapso que eu, usou muito o pedal dessa forma e logo abaixo falará mais a respeito dele nessa função... portanto, só me resta falar dele como pedal de drive/fuzz...

... logo que liguei o pedal, como praxe, procurei timbres entre o levemente crunchado e crunchado, justamente porque procurava esse tipo de sonoridade e o Vino já tinha me dito que poderia encontrar no HBOD... para minha felicidade, o HBOD me deu exatamente o que procurava nessa seara: transparência, dedilhados definidos e uma “crocância” que somente com essa pitada de fuzz seria possível... em algumas regulagens de ganho, mais ou menos às 10hs, em especial, não precisei mais que alternar a dinâmica da minha palhetada para oscilar entre um timbre totalmente limpo e outro bastante rasgado e crunchado...

... aliás, uma das coisas que mais chama a atenção no HBOD é a dinâmica: em todas as minhas guitarras, com os mais diversos captadores, tive respostas bem diferentes... em poucos pedais senti tanto a diferença de sair da Les Paul e pular para a SG, por exemplo... ele é muito sensível à tudo, seja a dinâmica da palhetada, a intensidade do volume da guitarra, ou mesmo a um pedal que esteja antes dele como booster ou tone shaper...

... eu uso um BD-2 modificado como tone shaper, especialmente para dar um pouco mais de compressão e brilho ao timbre limpo... essas duas características são notoriamente sentidas no HBOD quando usado com o BD-2, tanto que dessa forma pude fechar um pouco mais o agudo dele e dar mais cara de drive ao pedal, ou seja, por conta da dinâmica e sensibilidade do HBOD, apenas usando o BD-2 tive como alternar respostas diferentes do pedal, obtendo texturas diferentes, inclusive na forma como ele satura, ficando menos fuzzy...

... por outro lado, tenho um SD-1 modificado (segundo especificações da MOD, é para deixá-lo parecido com o Fulldrive, da Fulltone), que enchia o HBOD de médios de forma mais determinante que o usual... é bem verdade que usando os controles de graves e agudos entre 10hs e 2hs o HBOD soa um pouco mais scooped, e isso facilita a entrada dos médios, mas além disso o que me chamou a atenção é que esses médios esculpiram de forma mais determinante o timbre que o usual em outros pedais... os médios desse SD-1 modificado são um pouco mais fechados que o do SD-1 original, e por isso sempre que usava ele com o HBOD conseguia timbres mais cheios, um pouco mais fechados, assemelhados, por incrível que possa parecer, a nuances do Box of Rock, da ZVEX, com o drive “no talo”... a vibe do HBOD não é de Marshall nem de amp. algum, mas faço essa observação para mostrar que o pedal é muito receptivo aos que estiverem antes dele... para ser honesto, conheci poucos pedais que se comunicam tão bem e se somam tão bem com outros drives/fuzzes como o HBOD...


... abusando um pouco mais do ganho, a partir das 14hs, chega-se a timbres relativamente bem saturados, mais scooped (pelo menos com os meus equipamento) e bem presentes... quando lembro do timbre mais saturado do HBOD, vem apenas uma música à minha cabeça: Whole Lotta Love, do Led Zeppelin... não sei por qual razão, se foi porque logo na primeira vez que usei mais ganho no pedal já saí tocando o riff dessa música, ou porque na época estava ouvindo bastante Led Zeppelin, mas seja por uma, ou outra, ou por qualquer outra razão, o fato é que, aos meus ouvidos, aquela música possui muito ou boa parte do spectro sonoro do HBOD com mais ganho... pode até ser uma trava da minha cabeça, não sei, e felizmente abaixo terá um vídeo para dirimir isso, mas o fato é que o HBOD, com o ganho a partir das 14hs, é puro Led Zeppelin... dessa forma creio que ficará mais fácil de sacar o que esperar do pedal nessa circunstância...

... afora Led Zeppelin, se ajudar, posso citar outras referências, que se aproximam, mas não estão, a meu ver, tão próximas, como Free, Yardbirds e ZZ Top... quem curte esse nicho do rock certamente vai ficar muito empolgado com o HBOD...

... contudo, como grande parte aqui sabe, eu sempre toquei em bandas voltadas para composição, e nem tanto covers, e por essa razão às vezes é difícil pra mim indicar referências... por outro lado, essa inclinação faz com que por impulso eu teste os pedais/efeitos em diversas circunstâncias, e fazendo isso com o HBOD, encontrei um gênero que entendo ser incrível pra ele: blues... e não necessariamente um blues mais pesado, com saturação de fuzz... falo, inclusive, de blues mais clássico... usando o HBOD com um single-coil de braço, toquei algumas músicas do SRV, por exemplo, com desempenho até mais interessante, ao meu ver, que os TSs que sabidamente ele usava... procurando uma linha um pouco diferente dessa, consegui timbres com menos médios para dar mais transparência, aumentar um pouco a compressão de definir as notas, especialmente as primas, muito na linha do que o Eric Clapton fazia nos anos 60...

... ainda, buscando outras sonoridades, mesmo que trate-se de um pedal que remeta à timbres mais vintages, consegui timbres muito interessantes na busca por referências mais modernas... por conta dessa pitada de fuzz que o HBOD tem, fosse em timbres mais crunchados ou mais pesados, e procurando adequá-los ao som de bandas mais atuais, achei que ele soou muito bem para tocar Kings of Leon e, especialmente, Arctic Monkeys (ficou lindo quando toquei Brianstorm)...

... portanto, não pense que a referência ao passado indique que o HBOD só se presta pra esse tipo de sonoridade, mesmo porque essas referências costumam ser as referências de muitos caras da atualidade... O HeartBreaker OD é um pedal muito versátil e, honestamente, uma das melhores coisas que passou pelos meus pés desde que comecei nesse vício chamado efeitos de guitarra... 


E que venha a opinião do dono do pedal, com Vino Ferrari...

A primeira coisa que li sobre Heartbreaker foi o texto que o Ed usava em um fórum para descrever o pedal: “Overdrive old school com 3 transístores de silício com sons dos anos 60 e 70 que ajudaram a definir o som do rock 'n roll. De Link Ray a Jimmy Page passando por Clapton em Crossroads, temos um pedal de boost e overdrive leve a super saturado que é sensível a sua técnica, palhetada, volume da guitarra e dinâmico como um bom fuzz. Projetado com equalização baxandall é possível obter mid boost, mid scooped, flat e boost de frequencias individuais (treble e bass).” Óbvio que despertava uma grande curiosidade!

É válido recapitular do que se trata a tal “equalização Baxandall”! Tudo de uma forma mais simples e grosseira: vamos dividir tudo entre Equalização Passiva e Equalização Ativa. Equalização Passiva é normalmente encontrada em equipos vintage, equipos antigos e amplificadores de guitarra [normalmente!!!]. Eq passivo utiliza resistores, capacitores e indutores para SUBTRAIR o nível de algumas faixas de frequência. Um eq passivo não requer fonte de alimentação e o princípio de funcionamento é baseado na impedância de seus componentes. Como esse tipo de circuito só pode REDUZIR sinais é necessário ter algum tipo de amplificação após a equalização. Agora, para o design ativo mais simples ("ativo", neste contexto, significa que um circuito que amplifica suas frequências seletivas, de modo que nenhum nível é perdido como no passivo), é o criado por Peter Baxandall e batizado de Controlador de Tom Baxandall. O Controlador de Tom Baxandall tem um design simples e elegante, e qualquer fabricante de equipamentos teria que ser um pouco louco para querer fazê-lo de outra maneira. É o tipo de equipo certo para fazer o ajuste final do som de acordo com as preferências de cada um!


Resumindo: Equalização ativa Baxandall permite ajustes independentes de graves e agudos sem influência de um sobre o outro. Graves zerados e agudos acima das 12 horas e um treble booster começa a aparecer. E os médios? Também estão aqui, mas fixos. E como fazer para usar o danado para um midbooster? Zerando os pots de grave e agudo!

Enfim, pra que esse blá, blá todo? Para entender, e contextualizar, que não se trata de um pedal comumente encontrado por ai. Ele tem diversas particularidades. Seus controles não são, de forma alguma, simplórios e a interação dele com guitarra\captadores\outros pedais\amplificador é algo realmente incrível e merece um capítulo à parte. Para cada guitarra, para cada amplificador e suas diferentes combinações, ele reagiu de maneiras distintas. 

Minha curiosidade sobre o pedal me levou a ter uma conversa pelo chat do Facebook com o criador da lata. Transcrevo o papo aqui:

Vino Ferrari: Ed. Tiro no escuro. Heartbreaker: alguma semelhança com o Overdrive Coloursound?
Eduardo Bonatto: Sim, ele é baseado no OCS! Achei que você sabia. Foi bem modificado, mas a essência é essa!
Vino Ferrari: Não sabia não, Ed. Estava ouvindo samples do Colour Sound e caiu a ficha! Pode me contar o que tu modificaste no projeto?
Eduardo Bonatto: Fiz algumas repolarizações, refiz os feedbacks, transistores diferentes, potenciômetro de gain antilog pra melhorar o curso de ação e uma ou outra coisa bem importante no som, mas eu não posso dizer!

Já tive a oportunidade de tocar em um Color Sound alguns anos atrás e o mix: timbre x dinâmica do pedal me marcou de determinada forma que, quando coloquei o Heartbreaker com gain no talo tive o insight de forma quase imediata. Mas aqui fica um adendo: o Heartbreaker de Ed Bonatto é mais dinâmico, porém, com menos ganho que o OCS.

Sobra a funcionalidade: ele joga – e muito bem – como booster antes de drives. O fato de poder brincar cortando\adicionando frequências, por si só, já é de grande valia. Some a isso a possibilidade de reduzir gain e apenas aumentar o volume do pedal (não esperem um booster limpo de 25dbs, por favor), que por consequência, aumenta a saturação – não como um tradicional booster limpo faria, obviamente ele adiciona a sua personalidade - do pedal subsequente....ou o charme da criatura: adicionando vozes, texturas de fuzz ao diminuir o controle de volume e adicionar gain do pedal! Sustain, definição e uma leve compressão foi o que ganhei no primeiro teste dele, como treble booster, do Big Muff Russo do Tito. Como midbooster de outros drives conseguiu dar o destaque na mix que pedais como os ‘TS Like’ conseguem (Não! Ele não parece um TS! Não façam confusão!), mas, como sempre, adicionando a sua personalidade marcante no timbre final.

No modo stand alone, não seria nada à lá muff ou fuzz faces. Nada de fuzzes lamacentos, gordos (Porém, nada magro!). No talo, minha melhor analogia estaria num Fuzz Face de germânio com o famoso “potenciômetro de volume voltadinho”. Uma certa crocância, um crunch que certamente será notado no vídeo que o Milton fez. Importante ressaltar que a dinâmica do pedal beira o absurdo. Lembra muito a facilidade que alguns amplificadores single ended saturados tem em limpar quando aliviada a mão da palheta.

Construção: O pedal é muito bem feito, tanto externa quanto internamente. Soldas bem feitas, circuito limpo e organizado. Quem teve a oportunidade de ver um pedal do Ed aberto sabe que não é qualquer coisa. Esteticamente ele chama muito a atenção. A pintura é muito bonita e o nome do pedal com a arte “escrito à mão” dá um charme bem bacana para o pedal e já virou marca registrada da Ed’s Mod Shop!

Minha constatação sobre ele? Um canivete suíço. Incrível a gama de timbres, utilidades e possiblidades que se pode extrair dele. Maaaas...realmente, acho que ele não é para todas as boards. Quem curte a vibe mais vintage, a função de ter que tirar o timbre na unha, texturas de fuzz, de treble booster... certamente irá se esbaldar nessa verdadeira máquina de timbres. Sempre lembrando, que apesar de toda essa áurea 60’s e 70’s, ele possui uma equalização ativa ;)

Abraços 
Vino Ferrari 


Finalizando...

Antes de finalizar, tenho de agradecer o Vino pelo belo review acima... eu o convidei num dia, e no outro ele já me mandou esse belo material... valeu, meu velho... ;]

... para complementar esse review, claro, segue abaixo um vídeo mostrando diversas facetas do HeartBreaker OD... tenho certeza que muita coisa abordada acima ficará mais clara com a audição do material desse vídeo... aliás, uma observação importante: como não cuidei como deveria o volume geral durante a gravação, o audio teve oscilações consideráveis e por isso optei por manter o volume mais baixo, evitando o uso de compressores, até para não maquiar o som do pedal... portanto, não estranhem se o volume ficar um pouco mais baixo que o usual... 

... ainda, agradeço à todos por sempre estarem conosco... não percam a fé em nós... hehehe... o tempo está curto para atualizações mais constantes, mas, pelo menos, cá estamos com mais esse review... ;]

... aproveitando, reforço o convite para os amigos curtirem nossa página do Facebook em http://www.facebook.com/tocadosefeitos , e participarem do grupo da Toca no Facebook em http://www.facebook.com/groups/295567583788059...

.. e, claro, convido-os para seguirem nos acompanhando, que semana que vem será publicado um novo DICA DA SEMANA... ;]

Abraços...


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NA CASA DO VINO

4 de set. de 2012 |

E não é que deu samba?

… eu sei, essa frase solta e sem contexto não faz sentido, mas foi exatamente isso que acabou acontecendo semana passada…

images… explico: meu amigo Vino Ferrari, que já participou de um DE TOCA EM TOCA, me convidou para fazermos um som na casa dele… algo absolutamente despretensioso… ele queria conhecer alguns pedais que eu tenho, eu queria conhecer alguns pedais que ele tem, ou seja, seria um encontro de comadres que gostam de efeitos de guitarra… e foi exatamente isso que aconteceu…

… entretanto, um elemento tornou o encontro em algo diferente do usual, sendo, talvez, a razão desse “samba”… conversando no grupo da Toca dos Efeitos no Facebook (http://www.facebook.com/groups/295567583788059), eu e o Vino comentamos que iríamos fazer esse som… o pessoal, claro, pediu que gravássemos alguma coisa e foi isso que fizemos…

… por conta da gravação e da forma como resolvemos fazer essa gravação, eu e o Vino começamos a pensar em tornar esses encontros em algo pra Toca, em uma nova e diferente sessão da Toca dos Efeitos… e entre um papo e outro nasceu o NA CASA DO VINO…

… mas que diabos será o NA CASA DO VINO?

… exatamente isso que descreví acima: um encontro de dois amigos para fazer um som, testar pedais e fazer o registro disso num clima de total descontração… não queremos nada com ar professoral… serão dois amigos fazendo um som e dividindo isso com o pessoal da Toca dos Efeitos…

… claro, não será algo que fugirá da proposta da Toca dos Efeitos, mas sim algo que terá uma roupagem diferente, como vocês poderão perceber no vídeo abaixo…

… aliás, o vídeo abaixo foi feito como ele mesmo se mostra: despretensiovo, sem maiores cuidados com a captação de qualquer ordem, seja de som ou de imagem… agora, uma vez que o NA CASA DO VINO passará a ser uma sessão da Toca, essa parte passará por um upgrade e nas próximas edições faremos gravações com microfonação dos amps. e uma estrutura mais elaborada e bacana para realmente mostrarmos com mais riqueza a qualidade dos pedais que estaremos tocando…

… por conta disso, desde já convido empresas, handmades e afins a participarem dessa nova jornada… será um prazer tocar e mostrar o pedal de vocês nessa nova sessão, que na próxima edição já terá uma roupagem muito mais profissional, mas não menos descontraída e interessante…

… ainda, não deixem de ver os créditos do final do vídeo… vocês verão mais uma novidade por lá… ;]

… por fim, agradeço à todos, sempre lembrando que o Twitter da Toca é @TocaDosEfeitos e que a página no Facebook é http://www.facebook.com/tocadosefeitos..

… abraços e até a próxima…

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