No período em que fiquei me preparando para escrever este review, casualmente me ví, por outras razões, fazendo buscas e encontrando textos meus publicados fora da Toca, desde 2004... como o tempo passa, não é verdade? E por conta dessa constatação, e na iminência de escrever um review sobre um pedal da Zvex, logo me perguntei como conhecí a ZVEX e qual o primeiro pedal que ouvi falar e me fez pesquisar sobre a marca... é tanto tempo, que nem lembro mais de algumas coisas... hehehe... e me perguntei sobre isso porque, por outro lado, lembro-me bem como foi que cheguei e porque acabei tendo interesse em conhecer o Box of Metal...
... na época que conhecí a ZVEX, acho, não tenho certeza, por causa do Fuzz Factory, começou a “bombar” em revistas especializadas e afins o Box of Rock, que não por acaso merece o destaque que tem desde àqueles tempos, mas que será assunto na Toca no futuro... como eu tocava metal, e via na ZVEX uma empresa diferenciada, que é, de fato, lembro que me perguntava porque eles não faziam um Box of Metal (eu chamava assim mesmo, até por ser um trocadilho automático e nada genial de se fazer... hehehe)... balbuciei muitas palavras contra os “vintages” e “puristas” da empresa, até que, pouco tempo depois, foi lançado o Box of Metal... e aí a grande pergunta: o que esperar de um pedal pra metal feito por uma empresa tão peculiar quanto a ZVEX?...
... isso faz alguns anos... e durante anos fiquei sem poder conhecer pessoalmente o pedal... depois de algum tempo, tive a oportunidade de tocar rapidamente com ele, até que, nesse promissor 2011, um dos nossos parceiros, a Guitar Mind, resolveu colocar uma unidade à venda... e antes que ele fosse vendido, meus amigos, eu o “roubei” da loja para poder testá-lo e escrever um review pra Toca... hehehe
... diferentemente do tempo que ouví falar do Box of Metal (que vou chamar de BoM, a partir de agora), hoje não toco mais metal... toco rock e hard rock, sempre, claro, com uma pegada mais pesada, porque é a minha pegada, mas sem que para tanto eu precise de pedais específicos para gêneros muito pesados... apenas com a minha pegada faço o meu DS-1 Modificado soar bastante agressivo... e relato isso para dizer que, ironicamente, existe uma grande chance d´eu não ter gostado do BoM, se o tivesse conhecido logo que ele foi lançado...
... falo da minha experiência, e não como se fosse regra geral, mas depois que comecei a tocar outros gêneros, e, portanto, não somente metal, sinto que aprofundei a análise de determinadas características de pedais de drive/distorção... comecei a ouvir melhor cada freqüência, uma vez que uso equipos muitos distintos numa mesma música, ou durante um show... quando tocava metal, por melhor equipamento que tivesse, como o 56inc Tubestation, eu passava tempos tocando com um mesmo timbre, que acabava “viciando” meus ouvidos... nos meus últimos ensaios, por exemplo, usei um pedal similar ao Fuzz Factory, outro baseado no Sansamp GT2, um Big Muff pra baixo, além de simulações de Matchless DC-30 e Peavey 5150 da GT-8, ou seja, muita coisa, e muita coisa muito diferente, que, pelo menos no meu caso, sempre renova e nunca “acomoda” meus ouvidos...
... por causa disso pude sentir melhor como soa o BoM, já que comparado com outros pedais, ele pode parecer menos “metal” ou “extremo”... coloque-o do lado de um Uber Metal, da Line6, por exemplo, e parece que ele será triturado... mas não é esse o caso...
... como se pode esperar de pedais da ZVEX, as freqüências soam muito orgânicas... graves, médios e agudos são plenamente responsivos, sem o excesso de compressão que muitas vezes acompanham pedais com “metal” no nome... além desses 3 controles, o BoM tem controle de ganho e um gate para cortar aqueles ruídos que algumas vezes gostam de fazer parte do timbre... desde já adianto que, apesar de possuir um gate, o pedal é bastante silencioso...
... antes de falar do timbre, preciso comentar que a construção é excelente... a caixa é bastante resistente, tem um ótimo tamanho para qualquer pedalboard, os footswitchs e jacks são firmes, sem falar que, como pode-se ver na foto, são utilizados componentes de ótima qualidade...
... quanto aos recursos, como já mencionado antes, o pedal possui um EQ de 3 bandas, além do controle de ganho e da intensidade do GATE, que é acionável pelo segundo footswitch do pedal... aliás, é justamente nesse ponto que, na minha opinião, o BoM deveria ter seguido o mesmo caminho do Box of Rock... uma pena que a ZVEX não tenha optado por colocar um booster ao invés do gate... claro, reconheço que o gate é útil em pedais de alto ganho, mas considerando que o pedal já é mais silencioso que a média, provavelmente o booster tivesse mais utilidade que o gate... reforço, na minha opinião... ;]
... quanto ao timbre, de cara o BoM me lembrou o Doubleshot, da MXR... não, ele não é cópia, nem tão pouco soa como o Doubleshot... o que me chamou a atenção foi o fato dele soar diferente do usual de pedais mais extremos de metal, como Metal Zone, Uber Metal, Metal Muff e afins, justamente por ter menos compressão, maior definição e um ganho menos extremo (assim como o Doubleshot, mas com maior qualidade)... sei que muita gente vai ficar satisfeita em saber disso, mas alguns outros nem tanto, afinal, podem se perguntar: “Tá, mas eu toco Slipknot com esse pedal? Toco Metallica? Toco Sidney Magal?”... e tudo depende... ;]
... considerando que o BoM não tem a compressão usual de outros pedais pra metal, os graves são mais redondos, soam “maiores e com mais presença”, sem necessariamente serem tão profundos como os graves do Tri-Metal, da ZOOM, ou àqueles que se ouve nos amps da linha Rectifier, da Mesa Boogie... quanto aos médios, que sempre considero o “calcanhar-de-Aquiles” de grande parte dos pedais de alto ganho, gostei deles, justamente porque não gostei muito da faixa de agudos que o pedal tem...
... explico: existe uma tendência, que vem de muito tempo, de que os melhores timbres de metal têm os médios cortados - scooped mids (eu não concordo com essa “tendência”, só para ressaltar”)... como o corte de médios tende a tirar presença do timbre, deixando-o relativamente fechado, mas ganhando em pressão (não consigo explicar isso de outra forma), os agudos acabam sendo a forma de “abrí-lo”, e por essa razão grande parte dos pedais de alto ganho têm agudos numa faixa muito alta... e o BoM segue essa tendência: possui agudos em profusão...
... ocorre que, por causa desses agudos muito altos, se os médios não estiverem no lugar certo, ou o timbre soará abelhudo (em pedais com muita compressão), ou um pouco rechadiço (se tiverem menos compressão que o usual)... o BoM, felizmente, tem os médios no lugar, justamente porque consegue trabalhar numa faixa em que é possível ter médios efetivamente presentes, além de dar ao timbre o brilho na medida certa, uma vez que, no que depender do pot. de agudos, o timbre ficará sempre presente e estridente demais, na minha opinião...
... quanto ao ganho, que provavelmente seja a questão de maior interesse do pessoal dos “chifrinhos”... hehehe... ele é moderado-alto, digamos assim... quem for mais iniciante, provavelmente vai se decepcionar com o pedal, porque ele não derrubará as paredes do seu quarto, diferentemente da impressão que causará um Metal Muff, por exemplo... o BoM não é esse tipo de pedal... sim, ele soa pesado... sim, ele tem um nível de ganho ótimo... e, sim, ele procura soar muito mais como soaria um amp. valvulado de alto ganho, que mesmo como achamos que esses amps soam, e que é como ouvimos nesses pedais mais extremos... sim, já toquei metal, já achei que o ganho das bandas que eu gostava contasse do 11 ao 20, e não do 1 ao 10, mas no final das contas, a coisa não é bem assim... aliás, não é nada assim...
... e o BoM é do tipo de pedal que pensa que “não é nada assim”... ele tem um ótimo nível de ganho, que permite tocar praticamente qualquer tipo de som pesado, mesmo coisas menos extremas, como Iron Maiden ou Judas Priest... aliás, o site da Zvex tem 3 vídeos, que serão linkados abaixo, que mostram muito bem isso... nos 3 o BoM é comparado com 3 dos amps mais interessantes para sons pesados... e pelos vídeos é possível notar o que quero dizer quanto ao “nível de ganho não tão extremo”, tanto dos amps, quando do pedal...
... no início comecei escrevendo que o BoM me lembrava o Doubleshot por uma série de fatores, mesmo não sendo nem mesmo da mesma família... e a impressão que tive, ao final de todos os testes, foi muito similar à que tive quando testei o Doublehot pela primeira vez... sim, o BoM é um pedal superior ao Doubleshot em todos os sentidos, mas causa a mesma sensação do “falta um tequinho de mais alguma coisa”...
... logo que comecei a pensar mais nessa sensação, procurei achar algo que explicasse isso, até que resolví pensar no BoM como algo diferente da média dos pedais do gênero, como se de repente ele se comportasse como um preamp, assim como se comporta o Box of Rock... e foi aí que entendi melhor o pedal... coloquei um SD-1 modificado antes dele e comecei a usá-lo com um booster... pronto, era o que eu precisava ouvir... eu tinha a definição do BoM, ao mesmo tempo que tinha um timbre mais cheio usando o booster... e aí a equação fez todo o sentido do mundo, pelo menos pra mim... nem sei se essa é a proposta do BoM, mas dessa forma foi que o pedal “me ganhou, quando estava me perdendo”... hehehe
... e não, não estou sugerindo que o BoM só se justifique se tiver um OD ligado antes dele... evidentemente que não... só que pensando num amp. valvulado, ou mesmo em pedais valvulados, como o Tubestation, da 56inc, há um comportamento diferente, não há como negar... é dessa forma que o BoM fez mais sentido pra mim... usava ele sem booster em bases mais riffadas, com muitas notas, para aproveitar a boa definição do pedal... e quando precisava encher mais o timbre, para acordes cheios, ou mesmo mais sustain para solos, ligava um OD... ou seja, tudo começou a fazer MUITO sentido, e tudo começou a soar mais COMPLETO…
... como não seria diferente, gravei um vídeo, que na minha opinião não faz jus ao BoM... de qualquer forma, acho que ajuda a mostrar como ele pode responder e como pode soar em diversas situações (quem achar melhor, e eu acho que todos deveriam achar... hehehe... acessem o link e vejam/ouçam o vídeo em HD... se alguém souber como pegar o link com o vídeo já em HD, me ensine, que nas próximas vezes publicarei direto em HD)...
... além disso, vejam os vídeos dos links abaixo, retirados do site oficial da Zvex... afora as comparações que são feitas, o mais importante dos vídeos é que os timbres do pedal possuem características em comum, que mostram a personalidade dele... e que, posso garantir, é aquilo mesmo... incrivelmente esses vídeos da Zvex mostram como ouvi o BoM todas as vezes que liguei ele, com as mesmas virtudes e os mesmos defeitos… são videos altamente recomendáveis para se ter noção do timbre do pedal... ;]
... de resto, preciso agradecer à Guitar Mind pelo apoio... agradeço mesmo por acreditar no projeto... reforço que quem ainda não faz parte do mailist da Toca, que faça, enviando um email para tocadosefeitos@yahoo.com.br, pois isso significará receber por email as atualizações da Toca, participar de promoções exclusivas e entrar na Lista Vip da Guitar Mind...
... por fim, agradeço o apreço de todos e até a próxima... \m/
- http://media1.zvex.com/FLASH/BOM/bom_vs_bogner/
6 comentários
Grande Milton.
Pegou todas principais qualidades que um ZVex oferece.
Construção primorosa, confiabilidade, robustez, compacto...personalidade sonora, definição...
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Sou fã ZVex e suspeito para falar. ;)
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Mais um excelente review da Toca!!
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Parabéns, Miltão!!
Grande Vino, valeu pela força e pelo comentário... ;]
Li, assim como todos os reviews, mesmo não sendo um pedal da minha "praia", mas interessante como sempre. Keep on moving, 1000tão!
[ ]s
Grande Lelo... valeu pela força... ;]
Caraca o Milton é o cara , sempre com um review esclarecedor , obrigado por postar sempre
Grande Augusto... valeu pelos elogios e, especialmente, pela força que dás à Toca... ;]
Abraços!
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