Com a proximidade do aniversário da Toca dos Efeitos, nada mais marcante no DNA do site que falar de novas marcas, especialmente brazucas…
… e melhor ainda quando a marca em questão já começa num padrão diferenciado… quando a Toca começou, tudo era meio novo… as marcas estavam construindo algum padrão, aprendendo “a fazer”… mas lá se vão muitos anos… algumas aprenderam… algumas parecem ter aprendido em como não aprender… mas o mais importante é que quem começa hoje tem como aprender com a história das marcas mais antigas, e se tem uma coisa que de cara dá para dizer é que a Stomp Audio Labs começou tendo estudado bem essa história, com o intuito de se colocar num outro patamar… que bom, pois precisamos cada vez mais desse tipo de “presunção”… hehehe
… a entrevista foi capitaneada pelo nosso entrevistador oficial, meu caro amigo Vino Ferrari… portanto, todo o mérito da condução da entrevista é dele…
… depois da entrevista, curtam o pessoal na página do Facebook em http://www.facebook.com/stompaudio, e guardem o endereço do site http://www.stompaudio.com.br, que já já estará no ar… ;]
… e, de resto, vamos ao que interessa… ;]
# 1 – Em primeiro lugar, muito obrigado pela atenção e sejam bem vindos à Toca dos Efeitos, Stomp Audio Labs . Gostaria de reservar essa primeira pergunta para a apresentação da empresa e dos seus sócios. Como começaram na vida musical? Além de fabricantes de pedais, vocês são músicos, certo? Conte-nos a sua história.
Sim, Certíssimo! A Stomp na verdade é o Pedro e o JP. Nós nos conhecemos há alguns anos na faculdade de engenharia elétrica da UFMG. Ficamos amigos, formamos uma banda e começamos a Stomp. Nós dois ainda estudamos engenharia, somos guitarristas há um bom tempo, e sempre tivemos muito interesse em equipamentos em geral.
O Pedro já tinha feito vários pedais por diversão, inclusive uma produção em série de uma loucura que ele aprontou na Califórnia: Miniaturizar um rack de chorus da Roland, o Dimension D, colocar em um pedal de guitarra e vender pra uns estúdios. Funcionou até demais.
JP sempre foi metido a designer, já estava aprendendo também a fazer alguns pedais, e tinha alguns trabalhos legais de serigrafia e outras artes gráficas. Tem uns stickers dele colados pelo mundo afora.
Agora, a Stomp começou mesmo quando nos conhecemos na UFMG. Na época, ainda tinha mais dois amigos nossos: o Cido, guitarrista da banda Lúmen, e o Felipe, que já até vendia pedais de guitarra handmade, com a marca ‘Strange Effects’. Eles participaram muito das fases iniciais de prototipagem e criação de conceitos.
O Cido sempre foi uma ótima referência de timbre, e nos ajudou com uma visão bem prática, ideias de palco mesmo, do que importa e faz diferença pra um guitarrista na estrada. O Felipe é meio que o nosso Guru, ele é o baterista da nossa banda e sempre nos ajudou muito com tudo, desde detalhes de construção a ideias de circuitos. Eles não continuaram na empresa, mas são muito importantes pra gente.
Por essas coincidências todas, nós sempre conversamos muito sobre fazer uns pedais juntos. Começamos a estruturar isso aos poucos, procurando um nome, conversando sobre visual, conversando sobre construção e algumas outras ideias. Um dia a gente apareceu com o nome Stomp Audio e uma simulação gráfica do visual de alguns pedais, e a partir daí as coisas começaram a acontecer muito rápido.
# 2 – Como surgiu o interesse em fabricar pedais? Partiu de uma necessidade que vocês tiveram em não encontrar no mercado o que procuravam, ou apenas curiosidade?
Engraçado. Você conseguiu juntar todos os principais motivos na pergunta: Uma Necessidade, uma coisa que não encontramos no mercado e muita curiosidade.
A gente sempre brincava sobre o tanto que o mercado brasileiro era cara de pau na clonagem, era um ou outro pedal realmente original dentre um mar de pedais “baseados no pedal x”, e a maioria ainda com acabamentos em adesivo, placas caseiras e switches de brinquedo. E os pedais gringos, que a gente realmente curte chegam aqui a preços muito inflacionados, é absurdo.
Mas o kickstart mesmo foi a necessidade! Um dia a gente viu que tinha muito espaço na pedalboard, e tinham alguns pedais que a gente gostava e queria muito, mas eram impossíveis de conseguir, ou porque eram muito caros, ou porque não existem mais, ou porque nunca existiram. Daí, nós resolvemos nos juntar e gastar um tempo pra fazer uns pedais pra nós mesmos, pra dar um upgrade no nosso próprio set, e de quebra testar algumas dessas ideias todas que a gente tinha sobre como as coisas deveriam ser.
# 3 – E para chegar até a Stomp Audio Labs, como foi o caminho e em que momento decidiram que isso viraria um negócio?
Foi uma coisa bem natural. Começamos fazendo esses pedais pra nós mesmos e para alguns amigos, pra tirar o som que a gente queria, do jeito que a gente queria, com o visual e o acabamento que a gente curtia, mas de um jeito mais simples mesmo. Tudo que deu pra fazer bem feito à mão, a gente fez. Pra você ter uma ideia, nós usamos placas de circuito próprias, que projetamos e encomendamos do exterior, mas queimamos as pinturas desses primeiros protótipos no forninho de pão de queijo da vó do Pedro.
Quando os pedais ficaram prontos, nós começamos a tocar com eles, começamos a mostrar pros nossos amigos, e todo mundo ficou muito impressionado com o resultado. Daí, você sabe como é músico. Você mostra pra um que comenta com outro que fala com mais alguém, e por aí vai. Como a gente já tinha essa ideia de evoluir essa brincadeira pra uma empresa, foi mais uma questão de repensar, projetar e organizar melhor a próxima rodada pra fazer tudo de um jeito realmente profissional.
# 4 – De onde partiram para o desenvolvimento da linha? Fizeram algum tipo de pesquisa de mercado e a partir dela criaram a linha? Ou partiram do interesse pessoal dos sócios em determinados efeitos, ou mesmo de um apanhado geral do tipo “o que todo guitarrista precisa em sua board”?
Bom, dos dois. Nós seguimos bastante os nossos interesses no timbre de cada pedal, mas fizemos uma pesquisa de mercado também. Decidimos começar com os quatro efeitos que são os mais essenciais, mas fizemos alguma coisa especial em cada um deles, pra introduzir o nosso conceito e estilo, e também para ver no mundo real como vai ser a aceitação do mercado. Mas se você olhar os nossos protótipos, já tem algumas das nossas ideias mais diferentes e inovadoras, tanto de design quanto de circuitos e projetos, e nós vamos começar a introduzir isso tudo aos poucos.
# 5 – Os projetos de vocês são próprios ou cópias de pedais famosos? Como se deu o desenvolvimento de cada um deles? Quais pedais compõem o atual catálogo de vendas?
Os pedais da nossa primeira linha são o Cash, o Mr. Brown, o Mother of Fuzz e o Juice. Esses pedais foram desenvolvidos por nós dois, cada um de um jeito um pouco diferente.
Quando começamos a idealizar o Cash, montamos protótipos (clones mesmo) de 12 overdrives diferentes que gostamos bastante no mercado, uns muito conhecidos, outros nem tanto, e fomos analisando cada circuito e testando cada pedal em diferentes cenários. Daí, a gente trabalhou um pouco mais nos nossos preferidos e montamos um protótipo intermediário, o Bullet. Depois, projetamos o nosso Overdrive definitivo, pegando como inspiração o que mais gostamos das outras fases, mas ainda testando várias ideias diferentes, sempre com uma guitarra na mão. O resultado foi um overdrive muito dinâmico, com um timbre lindo e um tone que responde de verdade, bastante diferente do que se vê no mercado atualmente (um mar de clones de Tube Screamer).
O processo do Mr. Brown foi praticamente o mesmo: Montamos uma rodada inicial de protótipos. Depois, trabalhamos um pouco mais nos que mais gostamos e isso gerou um protótipo intermediário, o Elephant Gun. Depois, projetamos o nosso pedal definitivo e passamos alguns meses mexendo com o circuito em uma protoboard, ligada em um amplificador, experimentando alguns detalhes finais no ouvido, até chegar exatamente onde a gente queria.
O Booster e o Mother of Fuzz foram mais diretos. Eles são circuitos muito conhecidos e simples, muito direto ao ponto, então não tem tanto segredo, foi mais uma questão de escolher as características finais e os componentes principais dos pedais e implementar isso nos circuitos.
Nós chamamos os outros pedais que a gente fez de B-Sides. Eles são o nosso laboratório, a gente brinca muito mesmo nesses pedais, tanto no circuito quanto no acabamento e no design.
Os primeiros desses foram aqueles pedais que fizemos para nós mesmos, lá no começo, então resolvemos esbanjar e construir alguns efeitos que sempre sonhamos, mas que eram inacessíveis.
A gente é muito fã de Fuzz. Dentre os 12 pedais que fizemos no começo, foram 5 fuzzes diferentes. O Mark III, por exemplo, é um clone levemente modificado de um Maestro Brassmaster, um fuzz para baixo da década de 70 que é extremamente raro atualmente.
Alguns outros foram os protótipos que deram mais certo dos nossos pedais de produção (tipo o Bullet e o Elephant Gun). E outros foram pedais que fizemos simplesmente para testar algum conceito novo, como o Waves, um tremolo cheio de funções legais e diferentes, que foi o primeiro pedal completamente desenvolvido pela Stomp.
# 6 – A empresa é totalmente nova. Vocês acabaram de lançar a marca numa workshop em um estúdio de Belo Horizonte, certo? Uma ideia muito interessante e totalmente inovadora. Como foi, para vocês, o workshop? Como o pessoal recebeu a marca?
Para nós foi fantástico! Todos gostaram muito dos pedais e foi uma coisa bastante interessante, bem pessoal. Nós pretendemos continuar fazendo as coisas desse jeito, de um jeito mais pessoal mesmo. O workshop foi uma ideia que a gente sempre teve, de dar uma atenção às pessoas, de deixar todo mundo experimentar com as próprias mãos e dar sua opinião sobre os nossos pedais, pra gente poder continuar evoluindo junto com os nossos clientes.
# 7 – A Stomp Audio Labs visa algum nicho específico de guitarristas/estilos musicais com os seus efeitos? Qual a proposta e o diferencial da marca no mercado?
Não visamos um nicho específico e não queremos deixar nada definido quanto a isso. O nosso público alvo é todo mundo que curtir as coisas que a gente faz. No fundo, é só isso. Um bom pedal de guitarra não depende do estilo de música preferido de quem usa, nem da experiência, ele tem que ser bom no que ele faz. Se o timbre e as características dele são adequadas para o estilo da pessoa ou não, aí é outra história completamente diferente.
É disso que a gente gosta: Pedais que são muito bons no que eles fazem. Não importa se pra isso eles tenham que ter controle digital, se os diodos têm que ser de germânio ou de silício, se vai ser o chip lendário antigão ou um chip que acabou de ser lançado no mercado, a gente sempre vai fazer o que for melhor pra usar, não o que for mais conveniente pra projetar e fabricar.
O que a gente quer, no fundo, é ajudar a mudar o mercado brasileiro. É mostrar pras pessoas que dá pra fazer pedal de guitarra no Brasil com a mesma, se não maior qualidade de som, acabamento e construção que os melhores pedais do mundo, e sem cobrar mais caro que esses fabricantes. Afinal de contas, são os mesmos componentes e acabamentos! Foi pra isso que nós aprendemos a usar tinta eletrostática, corremos atrás dos fornecedores dos melhores componentes de vários cantos do mundo, projetamos circuitos realmente novos e desenvolvemos um design realmente interessante para cada um dos nossos pedais.
# 8 – Semana passada, pela mais pura coincidência, acabei testando muito rapidamente o Mr. Brown. Pude conferir ele aberto e tocar um pouco. Não são poucos os detalhes que chamam a atenção, desde o acabamento que chega a parecer um pedal de boutique gringo de centenas de dólares até o capricho na placa utilizada. Como se deu esse desenvolvimento gráfico? Vocês diriam que um dos grandes diferenciais da marca é o layout dos pedais?
Sim, com certeza! Nós mesmos desenvolvemos o layout dos pedais e sempre gastamos muito tempo com isso, tanto no design, construção e acabamento da caixinha, quanto nas placas de circuito.
E é engraçado você comentar dos pedais gringos, porque é exatamente isso que a gente quer mostrar. Os nossos pedais “chegam a parecer um pedal de boutique gringo de centenas de dólares” porque eles são construídos com o mesmo desenvolvimento, os mesmos processos, os mesmos materiais e os mesmos componentes eletrônicos e mecânicos (que nós passamos grande parte do ano passado importando, por exemplo). Se nossos clientes também pagam centenas de reais pelos nossos pedais, não é isso que a gente deveria oferecer?
# 9 – Alguma parte do acabamento, placas, montagem, é terceirizado?
Só as placas de circuito. Desde cedo decidimos que só vamos abrir mão de um processo artesanal se for para melhorar a qualidade do nosso produto, então a única parte terceirizada nos nossos pedais é a fabricação das placas de circuito impresso. Isso é um processo que, na nossa opinião, tem que ser industrial pra que se chegue a um nível de qualidade bom, que você mesmo viu em pessoa. Não tem nem onde mandar fazer um trabalho desse nível no Brasil, então tivemos que mandar fabricar as placas no exterior. A gente até usa ponto a ponto e placas queimadas com ácido na prototipagem, mas não dá pra levar isso a sério pra um produto final.
Fora isso, todos os outros processos, desde a perfuração das caixinhas até a serigrafia do acabamento final da pintura é feito por nós mesmos, para garantir os acabamentos certinhos que você mesmo notou.
# 10 – Existe o interesse de vocês no mercado internacional? Algum contato já foi inciado?
Ainda não iniciamos esse contato, mas temos interesse sim, principalmente para as nossas ideias menos ortodoxas. O mercado internacional já está saturado com os pedais que lançamos até agora, drives, fuzzes, boosters e distorções de qualidade. Mas fora desse universo, ainda há muito espaço, principalmente lá fora. O mercado brasileiro ainda é conservador de certa forma, e o cenário internacional tem muitas características interessantes, principalmente na quantidade de bandas e músicos que usam pedais mais elaborados e diferentes, que também são mais interessantes de se desenvolver.
#11 – Pela fã page no Facebook podemos ver que existem vários pedais ainda em desenvolvimento. Podem nos contar quais os próximos lançamentos da marca?
Bom, podemos adiantar que o Waves, da capa da nossa página do Facebook, é um dos próximos. Ele é o primeiro pedal que nós projetamos do zero. É um tremolo de sinal totalmente analógico, mas com tap tempo, duty cycle, divisão de tempo, 3 formas de onda diferentes, um killswitch e mais algumas coisas interessantes. Agora, imagine todas essas opções legais de controle digital, mas em um delay analógico?
#12 – Amigos da Stomp Audio Labs, muito obrigado pela atenção e disponibilidade. Desejamos sorte e sucesso e deixamos o espaço aberto para um recado aos leitores da Toca dos Efeitos e para informá-los dos links da empresa e das formas de contato. Grande abraço.
Antes de mais nada, muito obrigado a você, Vino, e aos outros moderadores da Toca, pelo interesse, pelo entusiasmo, apoio e empenho. O grupo e o site estão muito bem cuidados!
Aos leitores, amigos e colegas da Toca: Sejam mais autênticos, sejam originais! De verdade, em todos os sentidos. Se todo mundo procurar fazer as coisas parecidas com o que alguém faz, ninguém vai pra frente. Então, não hesitem em tocar do SEU jeito, façam as SUAS músicas, procurem encontrar o SEU timbre! E gastem tempo com isso! Não existe uma solução universal, não existe melhor e pior nem certo e errado, existe o que VOCÊ gosta e o que você não gosta. E o único jeito de descobrir o que você gosta é experimentando!
6 comentários
Curioso para ouvir algo da marca...
Em breve, de Paula, em breve... Hehehe
Foi o que disseram quando comecei minha fisioterapia em janeiro huahuahuahuahua
>:D
abs
Hahaha... tu é um mito mesmo... Hehehe
Eu sempre gostei e fiz questão de equipamentos bons, de qualidade. Já fiquei muito tempo sem um dado efeito, sem um amplificador e até mesmo sem guitarra pra juntar dinheiro e comprar aquilo que eu realmente queria. Nunca apelei para paleativos...
Tive a oportunidade de testar em fevereiro desse ano os quatro efeitos que a Stomp está vendendo agora e gostei tanto que já comprei dois deles: o Mr. Brown e o Juice. Podem acreditar, o som é animal e a foto não está enganando você não, eles muito bonitos mesmo! Recomendo bastante!
Abraço!
Fantástico o design e o acabamento dos pedais, desperta o apreciador de arte em qualquer músico. E por favor, mantenham os preços acessíveis, quero comprar todos eles!!
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